sábado, 7 de abril de 2012

Vacina Contra Gripe

As infecções respiratórias são as principais responsáveis pelas consultas pediátricas e hospitalizações infantis. A maior parte dessas infecções é causada por vírus. As infecções virais geralmente têm evolução benigna, mas com freqüência complicam, evoluindo para doenças bacterianas mais graves como otite média, pneumonia e sinusite. Asma e bronquiolite são também complicações freqüentes desses quadros virais, podendo atingir até 25% dos pacientes. Essas condições podem exigir tratamento hospitalar e, invariavelmente, implicam em maiores riscos para a saúde da criança, além de custos para a família e para o sistema de saúde. Outro fator importante é que a criança é a principal fonte de infecções virais para os familiares, inclusive idosos ou portadores de doenças crônicas. Assim, o pequenino pode ter um quadro febril leve, mas transmitir o vírus para a avó que acabará internada com alguma complicação.

O Brasil não possui dados a respeito, mas nos Estados Unidos a maioria dessas complicações estão relacionadas à infecção pelo vírus Influenza, conhecida como Gripe. É fato o aumento da incidência de problemas respiratórios entre nossas crianças nos meses do inverno, período de maior circulação desse vírus. Nos EUA, em 2002, foi recomendada a vacinação contra Influenza para crianças entre seis meses e cinco anos e seus familiares, considerando os riscos dessa faixa etária semelhantes aos dos idosos. Em 2006 foi também recomendada a vacinação de crianças, adolescentes ou adultos de qualquer idade que convivam com lactentes ou idosos ou ainda que possuam qualquer doença que aumente o risco de complicações. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Imunizações adota desde 2002 essas mesmas recomendações. O atual calendário da Sociedade Brasileira de Pediatria também inclui a vacinação contra influenza dos menores de 5 anos. Já o Ministério da Saúde disponibiliza a vacina gratuitamente através dos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais para pacientes portadores de fatores de risco (ver abaixo), além da já tradicional campanha de imunização dos idosos.

Melhor período para vacinar

São necessários de 10 a 15 dias para que a vacina faça efeito. Assim, quem deixa para se vacinar quando todos à sua volta já estão gripados, corre o risco de não ter tempo de se proteger adequadamente. O melhor período para se vacinar é entre fevereiro e maio.

Contra-Indicações
  • História de anafilaxia por ovo de galinha (choque anafilático)
  • História de síndrome de Guillain-Barré
  • Crianças menores de seis meses de idade
  • Pessoas com febre (melhor adiar a vacinação)

Esquema das doses

Em menores de nove anos, a primeira vacinação deve ser feita com duas doses com intervalo de 30 dias. A partir de então deve ser feita uma dose anualmente. Os maiores de nove anos fazem apenas uma dose anual desde a primeira vacinação. Até os três anos de idade utiliza-se a dose pediátrica (0,25ml), e acima dessa idade a dose adulta (0,5ml).

A nova dose anualmente é necessária em função das mutações freqüentes do vírus. Essas mutações são monitorizadas em todo o mundo pela Organização Mundial de Saúde, que recomenda a nova formulação da vacina do ano seguinte.

E os menores de seis meses?

Os menores de seis meses não podem ser vacinados, mas podem ser protegidos através da vacinação dos familiares ou cuidadores, como babás, funcionários de creches ou profissionais de saúde. Outra forma de protegê-los é a vacinação das gestantes, que transmitem anticorpos para o filho através da placenta.

Eventos Adversos

A vacina contra a gripe é bastante segura. Produzida com vírus inativados (mortos), não é capaz de causar a doença. No entanto, como acontece com todas as vacinas, alguns efeitos colaterais podem ser observados, como febre (geralmente baixa) e reações locais como dor, endurecimento e vermelhidão. Raramente pode ocorrer coriza, vômitos e dores musculares. Essas manifestações são geralmente leves e não duram mais de 48 horas.

Efetividade da Vacina
  • Adultos jovens e crianças: prevenção em 70% a 95% dos casos
  • Idosos não institucionalizados: prevenção de 70% das hospitalizações
  • Idosos institucionalizados: prevenção de 50-60% das hospitalizações e de 80% das mortes relacionadas à influenza
Indicações dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE)
  • HIV/aids;
  • Transplantados de órgãos sólidos e medula óssea;
  • Doadores de órgãos sólidos e medula óssea devidamente cadastrados nos programas de doação;
  • Imunodeficiências congênitas;
  • Imunodepressão devido a câncer ou imunossupressão terapêutica;
  • Comunicantes domiciliares de imunodeprimidos;
  • Profissionais de saúde;
  • Cardiopatias crônicas;
  • Pneumopatias crônicas;
  • Asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas;
  • Diabetes mellitus;
  • Fibrose cística;
  • Trissomias;
  • Implante de cóclea;
  • Doenças neurológicas crônicas incapacitantes;
  • Usuários crônicos de ácido acetil salicílico;
  • Nefropatia crônica / síndrome nefrótica;
  • Asma;
  • Hepatopatias crônicas.


Marconi Soares de Moura
Pediatra

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